TRABALHADORES/AS DOS CORREIOS | Uma greve histórica marcada pela solidariedade de classe

Durante 36 dias, a categoria resistiu aos ataques da empresa, do governo Bolsonaro e de parte da imprensa

TRABALHADORES/AS DOS CORREIOS | Uma greve histórica marcada pela solidariedade de classe

Uma greve que entrará para história como a maior mobilização construída pelos trabalhadores e pelas trabalhadoras dos Correios. Assim pode ser definido movimento grevista que teve início no dia 17 de agosto e encerrou na última segunda (22). Durante 36 dias, a categoria resistiu aos ataques da empresa, do governo Bolsonaro e de parte da imprensa ─ interessada na privatização da estatal ─ e não arredou o pé da luta.

A mobilização não foi fácil. Estavam em jogo direitos históricos, conquistados em árduas lutas. Como em outras campanhas salariais, a direção da empresa se mostrou totalmente intransigente, mas esse ano foi ainda pior. Para começar, a estatal não quis negociar. Apresentou uma proposta repleta de ataques aos direitos sociais, econômicos e, até mesmo, aos empregos, e não realizou nenhuma rodada de negociação.

Isso era só o começo. Sob o governo Bolsonaro, a estatal passou a ser chefiada pelo general Floriano Peixoto, que implementou uma política autoritarista ─ típica de militares. Para se ter uma ideia, alegando impactos econômicos, os Correios entraram com ação judicial para suspender a validade de dois anos do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) da categoria. O presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, concedeu uma liminar favorável à estatal e, com isso, direitos e benefícios conquistados no ACT anterior passaram a valer por apenas um ano e perderam a garantia em 31 de julho.

A liminar suspendeu 70 das 79 cláusulas do ACT, entre elas vale-alimentação, licença maternidade de 180 dias, adicional de risco, adicional noturno e horas extras. A categoria ainda aguardou julgamento no STF, mas foi em vão. A Corte manteve a suspensão de Toffoli. Dessa forma, os ECTistas iniciaram a campanha salarial apenas com direitos previstos na Consolidação das Leis de Trabalho (CLT).

Para piorar a situação, em meio à greve, a direção dos Correios decidiu cortar os salários dos grevistas. Um ataque direto ao direito à greve, previsto na Constituição Federal de 1988. E, nesse cenário caótico e de incertezas, o que deu forças aos grevistas para manter a mobilização foi saber que não estavam sozinhos. Para onde quer que olhassem, lá estavam representantes de outras categorias, dando apoio político e os suportes necessários para o que fosse preciso.

A partir da medida arbitrária dos Correios, prontamente, a CUT-DF e entidades filiadas iniciaram uma grande campanha de arrecadação de alimentos e insumos necessários para montar cestas básicas para os grevistas. A campanha tomou as redes e recebeu inúmeras doações.

Fim da greve e continuidade da luta

Na segunda (22), após julgamento do dissídio coletivo no Tribunal Superior do Trabalho (TST), a categoria realizou assembleias em todo o Brasil e deliberou o retorno aos postos de trabalho. Apesar de a decisão do TST manter a retirada de direitos, a presidente do Sintect-DF ─ Entidade sindical que representa a categoria no DF e entorno ─ Amanda, Corcino, destacou que a mobilização foi vitoriosa.

“Mesmo com a decisão ruim, não foi uma derrota. Foi uma greve bastante positiva porque demonstrou uma resistência dos trabalhadores à política implementada pelo governo Bolsonaro de retirada de direitos e de entrega do patrimônio público. E o que foi construído durante ela (greve), foi fundamental para a luta de classe. A solidariedade que envolveu movimentos estudantil, sociais, sindical e outros é o nosso maior patrimônio”, disse.

Para Amanda, esse movimento solidário deve permanecer, pois a luta dos ECTistas é permanente. De acordo com a dirigente, a categoria seguirá mobilizada contra a privatização dos Correios e em defesa dos empregos e do patrimônio público.

“A categoria agradece imensamente a solidariedade da CUT ─ que teve um protagonismo fundamental ─ e de todas as entidades que nos apoiaram. Contamos com esse apoio na luta contra privatização, onde vamos precisar de muito mais engajamento. Não aceitaremos essa política ser empurrada goela abaixo”, finalizou.

Fonte: CUT-DF

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