Servidores sobre Guedes: “Congelamento de salário é um disparate”
Ministro da Economia propôs congelar remuneração do funcionalismo público por um ano e meio. Categoria diz que desde 2017 não recebe aumento
Servidores sobre Guedes: “Congelamento de salário é um disparate”
TÁCIO LORRANtacio.lorran@metropoles.com
ATUALIZADO 28/04/2020 12:45
Os servidores públicos federais reagiram mal à proposta do ministro da Economia, Paulo Guedes, de congelar o salário da categoria por um ano e meio.
Nessa segunda-feira (27/04), Guedes pediu “sacrifício” de funcionários públicos em prol do Brasil. Declarou ainda que os servidores vão ficar trancados em casa com a geladeira cheia enquanto milhões de trabalhadores perdem o emprego.
O ministro admitiu, mais tarde, ampliar a proposta do governo federal de socorro a estados e municípios, caso o Congresso aprove o congelamento de salários do funcionalismo.
Guedes recebeu apoio do Congresso. Isso porque o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), disse apoiar o congelamento por 18 meses.
“É preciso descongelar”
O projeto, contudo, é visto pelos servidores como uma “falácia” do titular da Economia. A intenção de Guedes, segundo a categoria, é jogar a sociedade contra os funcionários públicos.
Para a Confederação dos Servidores do Serviço Público Federal (Condsef), por exemplo, que representa funcionários efetivos da União em todo o país, o corte de salário é ilegal e injusto.
“É um disparate o ministro sugerir congelamento de salários que já estão congelados há anos”, assinala o secretário-geral da entidade, Sérgio Ronaldo da Silva.
Conforme explicou, a Condsef entende que os servidores tenha ao menos a correção da inflação. “Defendemos que o servidor público não é diferente dos trabalhadores da iniciativa privada”, enfatizou.
Na mesma linha, o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Federais no DF (Sindsep-DF), Oton Pereira, disse que a maioria dos servidores públicos federais não recebe aumento desde 2017.
“Ele [Paulo Guedes] deveria se preocupar com o descongelamento”, frisa o sindicalista, ao destacar que não há previsão de aumento salarial, nos próximos anos, para grande parte dos servidores.
“É um jogo de cena que ele faz, porque não é possível que não conheça a máquina pública”, dispara Pereira.
Ônus da crise é do trabalhador
O presidente sindical defende ainda que o congelamento não seja aplicado nem mesmo aos servidores que tiveram aumento nos últimos anos.
Apesar da pandemia do novo coronavírus, que elevou os gastos do governo e reduziu as receitas, Pereira diz que é possível atender a essa demanda do funcionalismo.
Ele também considera injusto que os salários de trabalhadores da iniciativa privada sejam cortados.
O governo anunciou no início do mês medida provisória (MP) que autoriza as empresas a reduzirem, proporcionalmente, a jornada de trabalho e os salários dos empregados.
“O Paulo Guedes está jogando todo o ônus da crise nas costas dos trabalhadores, sejam da iniciativa privada ou do serviço público”, conclui.
Fonte: Portal Metrópoles (reprodução)