Seminário do Sindsep-DF aprofunda análises sobre a crise econômica

Foi um sucesso o Seminário “Crise: Superávit Fiscal Primário, Lei de Responsabilidade Fiscal e Autonomia do Banco Central” realizado ontem, 26.05. No auditório do Banco Central em Brasília, mais de cem pessoas assistiram a auditora-fiscal Maria Lucia Fattorelli e os economistas Markus Sokol e Newton Marques. O Seminário foi transmitido ao vivo pela TV Bacen para todas as regionais do Banco Central no país e perguntas aos debatedores puderam ser encaminhadas por e-mail. A coordenação da mesa foi de Edison Cardoni, diretor do Sindsep-DF.

No início da atividade, o filiado Aldo Justo, em nome do Sindsep-DF, fez uma homenagem ao companheiro Mangueira Diniz, servidor do Bacen, falecido em 24.05. Diretor teatral de destaque no cenário cultural da capital federal, Diniz também era um importante ativista sindical da categoria.

Maria Lucia Fattorelli foi a primeira a falar. Ela coordena a Auditoria Cidadã da Dívida e trabalhou na Comissão de Auditoria Oficial da Dívida Pública Equatoriana. Ressaltou que os encargos da dívidas pública representam a maior parte do orçamento da União e é para pagá-los que surgiu a política do superávit primário. No entanto, a dívida continua crescendo. Com base na experiência equatoriana, Maria Lucia explicou que uma auditoria da dívida brasileira também revelaria irregularidades que permitiriam ao país uma revisão do que deve. Enfatizou a necessidade de realizar a auditoria que, inclusive, está prevista na Constituição Federal de 1988.

Markus Sokol alertou que a crise é profunda e foi gestada por um conjunto de políticas aplicadas, todas elas visando a reduzir o custo do trabalho como único elemento do chamado “ajuste”. Em 1971, a decisão dos EUA, de acabar com a conversibilidade do dólar em ouro, abriu a via para a desenfreada especulação, descolada da economia real. Sobre a autonomia do Bacen, Sokol disse que seria permitir que o mercado tomasse conta do próprio mercado, modelo utilizado pelos Estados Unidos e a União Européia, e que é em parte responsável pela crise que está acontecendo. Ressalvando as diferenças entre os EUA e o Brasil, informou que a autonomia do Federal Reserve, em função da crise, vem sendo questionada por especialistas dos próprios EUA.

O último a falar foi Newton Marques. Defendeu a manutenção da Lei de Responsabilidade Fiscal por entender que ela permitiu a moralização das contas públicas, num contraponto com os outros dois debatedores que afirmaram que a LRF apenas garante o pagamento das dívidas, em detrimento de gastos com saúde, educação, saneamento básico, entre outros. Também questionou que outras políticas poderiam ser aplicadas, tendo em vista a situação de vulnerabilidade em que se encontrava o país.

Houve duas rodadas de perguntas por escrito e intervenções do plenário, respondidas pelos debatedores. Tomaram a palavra, entre outros, o Presidente do SinTBacen, Antonio Maranhão; o Secretário Geral do Sindsep-DF, Oton Neves e o dirigente da Confederação Nacional das Associações dos Servidores do Incra, José Vaz Parente.

Os documentos do Seminário serão organizados e disponibilizados para estudo e consulta dos servidores.

O Sindsep-DF agradece enfaticamente a contribuição dos três debatedores, cujas intervenções são valiosas para, a partir do livre debate, esclarecer a categoria e preparar as novas lutas. Agradecimentos especiais, também, a toda equipe da TV Bacen e demais colegas do Bacen que ajudaram a viabilizar a atividade. 

Fonte: Imprensa Sindsep-DF


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