Descontentamento escancarado
Sob vaias e com índice de aprovação mais baixo desde o governo Collor, Bolsonaro vislumbra votação da proposta de reforma da previdência no Plenário da Câmara nesta semana. Servidores se mobilizam para ato de 12 de julho
Descontentamento escancarado
Na final da Copa América, vaias da arquibancada ecoaram no Maracanã e silenciaram aplausos direcionados ao presidente Jair Bolsonaro, quando entrou em campo para entregar o prêmio da vitória à seleção masculina de futebol. Sério e visivelmente constrangido, o chefe do Planalto acenou para o público, na tentativa de disfarçar o descontentamento escancarado dos brasileiros. Pesquisa Datafolha divulgada nesta semana mostra que 33% da população consideram o governo ruim ou péssimo. O número é o pior desde o governo Collor, que tinha 20% de rejeição.
Centrais sindicais e movimentos sociais convocam população para mais um dia de atos nacionais em defesa das aposentadorias e contra os cortes na Educação, no próximo 12 de julho. Segundo a Agência Reuters, Waldery Rodrigues, secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, afirmou que o governo pode anunciar mais cortes até o fim do mês, quando será divulgado novo relatório bimestral de receitas e despesas. Para a Condsef/Fenadsef, a fala é uma ameaça explícita e uma tentativa de chantagem para que parlamentares e trabalhadores apoiem a reforma nefasta que acaba com as aposentadorias.
Crise para quem?
Com seis meses de gestão, o atual presidente já mostrou sua forma peculiar de governar o País: com autoritarismo, em defesa do mercado financeiro e pela retirada dos direitos dos trabalhadores. Se o Brasil enfrenta uma crise econômica que demora a se resolver, com aumento da miséria e das taxas de desemprego, bancos seguem com aumento dos lucros.
De acordo com pesquisa do Dieese, em 2018, os cinco maiores bancos brasileiros em volume de ativos (Itaú-Unibanco, Banco do Brasil, Bradesco, Santander e Caixa Econômica Federal) seguiram apresentando lucros expressivos e rentabilidade elevada, a despeito do cenário econômico adverso que a classe trabalhadora vem enfrentando.
O Itaú-Unibanco se manteve como o maior banco do país, com ativo total de R$ 1,65 trilhão, alta de 9,7% em 12 meses. Na segunda posição, o Banco do Brasil totalizou R$ 1,4 trilhão em ativos, com crescimento de 3,5%, seguido do Bradesco, com R$ 1,29 trilhão em ativos, com crescimento de 6,3%, ao final de 2018. Os números mostram o abismo da desigualdade no Brasil: enquanto pobres perdem, ricos seguem ganhando.
A saída para o problema, conforme apontado pela Condsef/Fenadsef na semana passada, passa por uma reforma Tributária solidária, que visa taxar as grandes empresas, os bancos e o mercado financeiro, libertando a classe trabalhadora da maior carga tributária do mundo. O argumento do governo sobre a necessidade de uma reforma da Previdência é falho, tendo-se em vista que responsabiliza classes baixa e média a arcarem com um suposto déficit nas contas públicas, enquanto segue beneficiando as grandes fortunas.
Fonte: Condsef/Fenadsef