Agarrar o que conquistamos e preparar a continuidade da luta
A Campanha Salarial de 2015, não é segredo pra ninguém, foi uma das mais difíceis que os servidores federais já enfrentaram, numa conjuntura econômica e política extremamente complicada.
Nossas reivindicações foram apresentadas já em
fevereiro, mas o Planejamento só respondeu com uma proposta em 25 de junho.
Aferrado ao ajuste fiscal (Plano Levy), o Governo
Dilma propôs um acordo de quatro anos que não poderia, como não foi, ser aceito
pelos servidores porque engessaria a luta por melhores salários por igual
período praticamente anulando o direito de negociação coletiva.
A negativa do governo em aceitar nosso índice de
reposição (27,3%) também revoltou a categoria, sobretudo porque o governo
deixou claro, na mesa negocial, que sua referência não era o salário de 2010, mas
o de 2002. Traduzindo: o governo admitiu abertamente que para aplicar o ajuste
fiscal quer nos fazer retroceder das conquistas obtidas desde o 1o mandato
de Lula.
Isso vale para o setor público, mas também para os
trabalhadores do setor privado, onde estão ocorrendo demissões e uma pressão
geral para rebaixar os níveis salariais que haviam aumentado entre 2003 e 2013.
Até mesmo o reajuste do salário mínimo é alvo de pressões. E tudo decorre dessa
política de ajuste fiscal (geração de superávit primário para pagar a dívida,
com altas taxas de juros e câmbio descontrolado).
De quatro anos para dois
A persistente pressão sobre o governo – com a
intervenção decisiva da Condsef e do Sindsep-DF, inclusive no chamado ao apoio
da CUT – resultou num acordo de dois anos, com um reajuste total de 10,8%, com
parcelas em agosto 2016 e janeiro de 2017. A conclusão imediata é manter a
exigência de recomposição salarial.
A campanha também resultou no aumento dos
benefícios (veja quadro) e na incorporação das gratificações de desempenho pela
média dos últimos cinco anos, o que beneficia aposentados após 2004 e é um
passo na direção da recuperação total da paridade. Questões específicas serão
tratadas em Grupos de Trabalho para diversos setores de nossa base (Veja PÁG.
8).
Balanço – Fórum dos Federais
A campanha poderia ter sido mais forte – e talvez
com melhores resultados – se tivesse havido empenho na construção da unidade de
todos os servidores, pelas reivindicações, para enfrentar o ajuste fiscal do
governo e priorizar as negociações salariais.
Porém, a linha de algumas direções sindicais,
subordinadas a determinados partidos políticos, não foi essa. Rejeitaram a
unidade, deixaram de lado as reivindicações, recusaram-se a apresentar contrapropostas
para negociar com o governo, partidarizaram sindicatos, fizeram coro com a
política da direita que pretende destruir a CUT e nossos sindicatos para acabar
com nossos direitos. Na medida em que dividiram e confundiram os servidores,
tais setores (mal denominados “de esquerda”) contribuíram com a
política do governo. Agora, depois da campanha, pretendem se livrar de sua
responsabilidade com falsas acusações contra a Condsef.
Na atual conjuntura, nossa luta deveria ter se
apoiado a fundo nos repetidos chamados da CUT para atos públicos unitários, em
conjunto com diversas centrais e movimentos populares, contra o ajuste fiscal,
em “defesa dos direitos e da democracia”. Neles, os servidores teriam
um lugar privilegiado para costurar a unidade com o conjunto dos trabalhadores,
em defesa dos serviços públicos e da nação, apresentando nossas reivindicações.
O Sindsep-DF participou de todos eles.
Próximos passos
A conquista de novos avanços dependerá, como
sempre, de nossa vigilância e mobilização.
A primeira tarefa é preparar a retomada da luta
para recuperar as perdas que sofremos em relação ao salário de 2010, as quais
foram calculadas criteriosamente pelo DIEESE. Não podemos esquecer!
De imediato, entra em pauta a luta contra projetos
que nos retiram direitos, em especial a Proposta de Emenda à Constituição (PEC)
139/2015 que é parte do ajuste fiscal e pretende extinguir o abono permanência.
Ganha destaque a exigência de paridade para os aposentados até 2004, além, é
claro, das demandas específicas de cada setor.
O Sindsep-DF convida todos – ativos e aposentados –
a permanecerem atentos a nossas próximas atividades para fortalecer nossa
unidade em defesa de nossas reivindicações e, portanto, nossa capacidade de
mobilização e pressão.
Fonte: EG 465