A agonia do sistema capitalista

EG 479: Opinião

A agonia do sistema capitalista

* Por Oton Pereira Neves

O Sistema Capitalista está agonizando! “Como assim?”, muitos dirão! Eu explico: com sua estrutura de sobrevivência baseada no lucro, o capitalismo entrou em um círculo vicioso que dá sinais de colapso.

Funciona assim: para ter lucro, o capitalismo precisa diminuir custos de produção. E como fazer isso? A resposta está nas políticas de Bolsonaro/

Guedes – a mesma que tem levado centenas de trabalhadores da França e do Chile, por exemplo, a protestar nas ruas dos dois países: reduzindo salários e cortando direitos da classe trabalhadora.

Mas, como toda ação tem sempre uma reação, o resultado óbvio é que, com salários menores, os trabalhadores – que também são os consumidores da produção do capital – deixem de consumir. Com isso, todo o sistema entra em ruínas. Simples assim, mas cruel, pois essa política de massacre do trabalhador tem como consequência o aumento crescente do desemprego, da fome e da miséria.

Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura

(FAO), cerca de 820 milhões de pessoas em todo o mundo não tiveram acesso sufi ciente a alimentos em 2018. Os números foram divulgados em meados de 2019, no relatório anual “O estado da segurança alimentar da nutrição no mundo”, que também apontou que no Brasil existem cerca de 5 milhões de desnutridos. Nosso país também enfrenta uma das mais altas taxas de desemprego dos últimos anos. São 11,9 milhões de pessoas sem trabalho, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados no final de novembro do ano passado.

Na tentativa de ganhar fôlego e manter uma sobrevida, o sistema capitalista elege seus inimigos e começa a combatê-los com unhas e dentes, como se disso dependesse sua própria existência. Não é a toa que os sindicatos são a bola da vez nesse processo. Instrumento de organização da classe trabalhadora, os sindicatos são vistos como um empecilho para o lucro desenfreado do capital.

Forjados durante a revolução industrial – quando os trabalhadores viviam o ápice da exploração da mão de obra, tendo homens, mulheres, idosos e até crianças trabalhando até 18h nas fábricas, sem nenhum direito, além do mísero salário –, a organização dos trabalhadores (leia-se: os sindicatos) foi responsável pela mudança desse cenário, levando a conquistas como a previdência social (outro inimigo do capital) e melhores salários.

No Brasil, os sindicatos conquistaram a jornada de 44/40 horas semanais, repouso remunerado, férias, 13° salário, auxílio alimentação, licenças maternidade e paternidade, saúde pública e transporte, entre outros benefícios.

Os sindicatos gerais do funcionalismo público foram imprescindíveis para a conquista do Regime Jurídico Único (RJU), concurso público e a estabilidade no emprego, outros três vilões eleitos pelo governo Bolsonaro, a serviço do sistema capitalista.

Neste contexto, somos contundentes em afirmar que, embora os especialistas do capital sejam categóricos em declarar que os sindicatos precisam se reinventar para sobreviver, sugerindo que nos transformemos em uma espécie de instituição filantrópica, continuaremos firmes na defesa do salário e condições dignas para o trabalhador, pois é o capitalismo que agoniza, não só no Brasil, mas no mundo!

* Secretário-geral do Sindsep-DF, Oton Pereira Neves é servidor do Ministério da Saúde, diretor Executivo da CUT Brasília e militante do Partido dos Trabalhadores. Tem formação em administração e atua no movimento sindical há mais de 30 anos.

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