Povo brasileiro se levanta contra anistia para os golpistas
Atos foram realizados em várias cidades do país, nesta terça-feira (10), para pedir a prisão de todos os envolvidos na tentativa de golpe de Estado
Da Condsef/Fenadsef
O povo brasileiro foi às ruas de várias cidades do país, nesta terça-feira (10), para pedir a prisão de todos os envolvidos na tentativa de golpe de Estado. Segundo investigações da Polícia Federal, o golpe, que teria tido a participação do ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL), envolveria os assassinatos do presidente Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.
“Sem Anistia para os golpistas” foi o grito ecoado em todo o país durante as mobilizações convocadas pela CUT e pelas Frentes Brasil Popular e Povo sem Medo.
Os atos também defenderam:
– Redução da jornada de trabalho, sem redução de salários! Não à escala 6X1!
– Valorização do salário mínimo e das aposentadorias
– Taxação dos ricos
– Garantia de investimentos na Saúde e na Educação, sem redução de gastos
– Contra o PL do estupro
– Contra o genocídio da juventude negra
– Redução da taxa de juros
“Essa deve ser uma mobilização permanente até que todos os envolvidos na tentativa de golpe estejam presos e até que as outras pautas deste ato sejam atendidas. Agora vamos nos preparar para a jornada de luta de 2025 que será intensa”, comentou o secretário-geral da Condsef/Fenadsef, Sérgio Ronaldo, que participou da mobilização em Brasília. Atos foram realizados em diversas capitais e cidades do interior do Brasil. Também ocorreram mobilizações fora do país.
Caso o golpe tivesse sido concretizado, o ex-presidente e os militares se manteriam no poder e transformariam o Brasil em uma ditadura. Esse era o projeto dos golpistas que assessoravam diretamente Bolsonaro, apontado pela Polícia Federal (PF) como líder da organização criminosa que pensou e articulou o golpe. Segundo a investigação, Bolsonaro decretaria estado de sítio e uma Operação de Garantia da Lei e da Ordem. Em seguida, seria criado um gabinete de crise que passaria a governar os destinos do Brasil.
Os golpistas também estavam discutindo a instalação de um campo de prisioneiros de guerra. No local, seriam confinadas todas as pessoas que se levantassem contra o golpe. Levando em consideração que todo golpe de estado promovido pela direita gera uma reação das forças de esquerda, grande parte das brasileiras e brasileiros que apoiam o governo Lula e os movimentos sociais, incluindo aí o movimento sindical, poderiam ser presos nesse campo.
Segundo o relatório de 884 páginas da Polícia Federal, que contém vários depoimentos e provas, Bolsonaro e seus aliados só não concretizaram os assassinatos e o golpe por falta de apoio de outras lideranças das Forças Armadas brasileiras. Agora o ex-presidente chora pedindo anistia.
Mas o relatório da PF já está na Procuradoria Geral da República (PGR). Um grupo de nove procuradores já começou a analisar o documento que indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 36 pessoas por envolvimento em um plano de golpe de Estado. Ao todo, Bolsonaro foi citado 643 vezes no documento. De acordo com a própria Polícia Federal, o ex-presidente tinha “plena consciência e participação ativa” nas ações clandestinas promovidas pelo grupo.
Agora, cabe à PGR decidir se Bolsonaro e os demais investigados serão denunciados. E cabe à população brasileira cobrar a prisão de todos os envolvidos. Há três caminhos que a Procuradoria pode seguir: enviar uma denúncia, pedir por mais investigações ou arquivá-lo.