O Haiti precisa de médicos, engenheiros e professores. NÃO DE SOLDADOS

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“Presidenta Dilma, o Haiti precisa de médicos, engenheiros e professores. NÃO DE SOLDADOS”, esta é a palavra de ordem estampada na faixa que está percorrendo o Brasil, nas mais diversas mobilizações que estão sendo realizadas no país pela retirada das tropas brasileiras do Haiti.

Ontem, foi a vez de Brasília receber a visita do secretário-geral da Central Autônoma dos Trabalhadores do Haiti (CATH), Fignole St. Cyr, que discutiu as condições de seu país com trabalhadores dos mais diversos segmentos, inclusive servidores públicos. O encontro foi organizado pela CUT-DF e pelo Sindsep-DF e aconteceu no auditório da Central, no final do dia.

Além de Fignole, compuseram a mesa o presidente da CUT-DF, José Eudes Oliveira da Costa, o secretário-geral do Sindsep-DF, Oton Pereira Neves, Markus Sokol, da direção nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) – que estava fazendo a tradução da palestra de Fignole do francês para o português – e o rapper e escritor brasiliense GOG (Genival Oliveira Gonçalves), representante do movimento hip hop brasileiro.

Fignole iniciou sua fala explicando que, ao contrário do que a imprensa burguesa brasileira vem reproduzindo, as tropas da Minustah (Missão da ONU pela Estabilização do Haiti) não estão no seu país para estabilizá-lo, mas sim para ocupá-lo. Ele informou que a CATH, que é uma central independente, criou uma Comissão de Inquérito que contou com a participação de representantes de diversos países, inclusive do Brasil, e que, após meses de trabalho, concluiu que a Minustah é uma força de ocupação, que está no Haiti para reprimir o povo haitiano e toda a luta do movimento social. “O Brasil deve se dissociar desse tipo de missão”, ressaltou Fignole.

O trabalho da Comissão de Inquérito gerou um dossiê que foi entregue por ele a ministra Maria do Rosário Nunes, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, em audiência na manhã de ontem. O sindicalista haitiano comentou que disse a ministra que “o Haiti precisa efetivamente de ajuda, mas de engenheiros, médicos e professores de futebol e não de soldados” e pediu a retirada das tropas brasileiras de seu país.

Na palestra, Fignole contou que a Minustah é muito mal vista em seu país, “pois violou mulheres e adolescentes e matou muita gente”. As tropas da Minustah, composta por soldados de diversos países e lideradas pelo exército brasileiro, não são passíveis de julgamento. Ou seja, mesmo que um de seus soldados tenha cometido algum crime, ele retornará para o seu país de origem como herói sem ser julgado no Haiti. Sokol lembrou que as imagens exibidas das tropas brasileiras no Haiti são sempre de soldados com crianças, fazendo curativos e distribuindo alimentos. O que não é nem de longe a realidade vivida pelos haitianos.

Atualmente, segundo Fignole, o Haiti possui uma população de 10 milhões de pessoas, das quais sete milhões vivem no país. Para se ter a dimensão da situação precária de vida no Haiti, Fignole lembrou que no terremoto de 12 de janeiro de 2010, 13 mil haitianos morreram. Enquanto que no terremoto do Japão, que foi seguido de um tsunami, no dia 11 de março deste ano, cerca de 15 mil japoneses morreram.

Vale lembrar que a população do Japão é estimada em 128 milhões de habitantes. Além disso, o terremoto que devastou o Haiti foi de magnitude 7, enquanto no Japão, foi de magnitude 9. “Enquanto aquele país já se reconstrói, no Haiti, depois de mais de um ano da tragédia, 1,5 milhão de pessoas ainda vivem sob tendas. Também ainda há muita gente sob os escombros, pois a maioria dos prédios não teve os entulhos removidos”, afirmou.

“Só isso já é suficiente para o Brasil entender que o problema do Haiti não é de segurança pública. Mas de desenvolvimento”, finalizou Fignole. A atividade foi encerrada com uma música em homenagem ao Haiti, com a cantora Ellen Oléria.

Do ato também foi retirado um documento que será encaminhado à presidenta Dilma Rousseff pedindo a retirada das tropas brasileiras do Haiti.

Resumo:
A Minustah está no país caribenho desde 2004, após a deposição do presidente Jean-Bertrand Aristide. O Brasil foi escolhido pelos Estados Unidos, Canadá e França para comandar as tropas da Minustah.

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Fonte: Imprensa Sindsep-DF

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