Greve geral paralisa França em defesa de emprego e renda

A segunda greve geral em menos de dois meses paralisou a França na última quinta-feira (19.03). Os sindicatos reivindicam mais apoio ao emprego e ao poder de compra da população e as pesquisas indicam o apoio massivo do país aos grevistas. As mais de 200 manifestações previstas juntaram milhões de trabalhadores nas ruas, mas o governo avisou que não aumentará o pacote de ajudas às vítimas da crise e do desemprego.

No início do dia, as complicações já afetavam o sistema de transportes, obrigando o aeroporto de Orly a anular um terço dos vôos e os ferroviários a anunciarem uma adesão semelhante à da última greve. Os atrasos e complicações nos transportes estenderam-se às principais cidades.

Os trabalhadores da Caterpillar de Grenoble ocuparam a fábrica em protesto contra o anúncio da demissão de 733 trabalhadores e os mil trabalhadores da fábrica Continental em Clairoix, ameaçada de fechamento e que se tornou num dos símbolos da crise, desfilaram em protesto logo pela manhã.

A grande mudança em relação a anteriores protestos é o clima de apoio ao movimento que atravessa a sociedade. Numa sondagem publicada pelo jornal Liberation, 62% dos entrevistados (e 42% dos eleitores de Sarkozy) dizem-se “solidários” com a greve. Quando a pergunta é se os motivos justificam a greve, o apoio sobe para 78% (53% dos apoiadores do partido do governo).

A crise e o desemprego que afetou mais 90 mil franceses só em janeiro – o dobro do mês anterior – fizeram soar as campainhas de alarme na sociedade francesa. Depois da greve geral de 29 de janeiro, que juntou mais de um milhão nas manifestações de protesto, o governo Sarkozy apresentou um pacote de ajuda de 2,6 bilhões de euros, entre benefícios fiscais e medidas de apoio ao emprego. Mas na véspera do novo protesto, o governo de direita fez questão de dizer que não irá ampliar a ajuda às vítimas da crise. Mas o pacote é insuficiente para estabilizar a economia e o emprego, pelo que os sindicatos insistem em que não devem ser os trabalhadores a pagar a crise. Nas últimas semanas, a notícia da demissão de 555 trabalhadores da petrolífera Total, pouco depois da empresa ter apresentado lucros de 13,9 bilhões de euros, incendiou ainda mais os ânimos dos franceses e fez aumentar o apoio aos grevistas.

Fonte: CUT / Carta Maior (www.cartamaior.com.br)

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