É tempo de reconquistar!
EG 479: Entrevista
É tempo de reconquistar!
Em entrevista exclusiva ao Esplanada Geral, o diretor Executivo da CUT Brasil e secretário de Comunicação do Sindsep-SP (Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de São Paulo), João Batista Gomes, fala sobre os desafios que os trabalhadores devem enfrentar em 2020 e os avanços de 2019, fruto da luta dos conjunto da classe trabalhadora, analisa os ataques do governo Bolsonaro ao funcionalismo público e aos serviços públicos e convoca os servidores das três esferas para o Dia Nacional de paralisações, mobilização, protesto e greves, em 18 de março
Qual a sua análise do panorama político atual para o funcionalismo?
O governo Bolsonaro é um governo de ataque ao povo trabalhador. Ele quer retirar direitos, criar trabalhos precários, aumentar jornada de trabalho, congelar salários, e para isso editou a Medida Provisória 905 [2019].
Para o funcionalismo é a mesma perspectiva, mas neste caso ele ataca junto os serviços públicos através de propostas de emendas constitucionais, como a 186 [PEC Emergencial], 187 [PEC dos Fundos Públicos] e 188 [PEC do Pacto Federativo] que são verdadeiros ataques aos pilares da nação, pois é a regulamentação do congelamento dos gastos aprovado por Temer por 20 anos. O que levará à destruição de serviços de saúde, educação, segurança, lazer, esportes.
Quais as perspectivas diante dos retrocessos impostos ao conjunto da classe trabalhadora, em especial aos servidores públicos?
O que se coloca para toda a classe trabalhadora é sua defesa, não há outro caminho: resistir e lutar. No caso do funcionalismo, penso que foi importante a Plenária realizada em 26 de dezembro chamada pela CUT e demais centrais, quando foi aprovado um calendário de mobilização nacional que culmina com o dia 18 de março, dia nacional de paralisação, mobilização, protesto e greves das três esferas: municipal, estadual e federal. Um bom caminho para forjar as lutas.
Apesar das perdas, houve algumas vitórias nas batalhas travadas em 2019?
O governo pretendia ir muito mais rápido em seus ataques, mas encontrou resistência, como na reforma da previdência que não conseguiu aprovar a capitalização individual, mesmo aprovando outros itens, como a idade mínima. Penso que a unidade que está sendo construída é o nosso maior avanço.
Quais os reflexos dos ataques ao funcionalismo público para a população brasileira?
Os serviços públicos são pilares da nação. Acabar, por exemplo, com a estabilidade no emprego e com concursos públicos, vai propiciar a volta do clientelismo político, ou seja, o governo de plantão poderá colocar seus “cabos eleitorais” em cargos públicos precarizando totalmente a máquina pública.
Imaginem acabar com o Sistema Público de Saúde, como o SUS, será jogar milhões de trabalhadores sem assistência alguma de saúde, pois não terão como pagar planos de saúde e aí vai para todas as áreas.
É possível apontar saídas para esse cenário?
Sim, a saída está no fortalecimento dos sindicatos. Trazer cada servidor para essa luta e criar lutas comuns com movimentos sociais que lutam pelos serviços públicos; esclarecer a população do prejuízo que seria acabar com serviços públicos. Editar jornais, cartazes, tendo como objetivo demonstrar que Bolsonaro ataca todo povo trabalhador. Não é momento de “se esconder”, é momento de resistir, de se organizar, de juntar forças com todos que querem direitos.
Qual seria o papel dos servidores públicos nessa luta?
Os servidores públicos devem ter claro que sem luta não há conquista e nesse momento vamos precisar de cada um nesta batalha. Pois para o governo todos nós somos “inimigos dele”. É assim que Bolsonaro e seus ministros nos enxergam. E não é luta só de servidores federais, será de todos, servidores municipais, estaduais, da área da saúde, da educação, da segurança, administrativos, todos juntos, pois assim somos mais fortes.
Como os sindicatos podem ou devem atuar dentro dessa conjuntura?
Atuação dos sindicatos, em especial de seus dirigentes, será fundamental. É necessário olhar para o povo trabalhador, para os direitos, é isso que deve nos mover. Colocar os interesses dos trabalhadores e dos serviços públicos acima de tudo. Essa batalha será fundamental, temos que colocar a luta contra as PECs da destruição dos serviços públicos como central, nos juntando com todos os trabalhadores, chamando a unidade da CUT e demais centrais. Isso forjará a luta para por fim ao governo Bolsonaro e sua política de destruição da nação.
O nosso calendário aponta o dia 18 de março como dia nacional de paralisação, o sucesso disso depende de cada sindicato espalhados em todo país, é com essa determinação que devemos iniciar esse ano de 2020.
Construir a mais ampla unidade para barrar os ataques de Bolsonaro.
Vamos à luta, pois a vitória é possível!
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