Chacina de Unaí: dez anos depois, espera por justiça continua

Dez anos depois que os auditores do trabalho Nelson José da Silva, João Batista Lage e Eratóstenes de Almeida Gonçalves, e o motorista Ailton Pereira de Oliveira, foram assassinados em Unaí-MG, a Justiça ainda não julgou cinco dos oito acusados de envolvimento nas mortes. Em janeiro de 2004, os servidores do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) faziam uma operação de fiscalização na região para coibir o trabalho escravo quando foram mortos.

Ano passado foram julgados e condenados em primeira instância três réus do processo: Rogério Alan Rocha Rios e Erinaldo de Vasconcelos Silva, que segundo o Ministério Público Federal foram os assassinos, e William Gomes de Miranda, que teve uma participação considerada de menor importância. Os outros cinco acusados de envolvimento só poderão ir a julgamento depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir sobre um recurso movido pelos advogados de um deles. São eles: Norberto Mânica, Hugo Pimenta, José Alberto de Castro, Humberto Ribeiro dos Santos, que deveriam ter sido julgados em setembro de 2013, além de Antério Mânica, irmão de Norberto, que só deverá ir a júri depois dos demais.

Com alta popularidade no pequeno município do noroeste mineiro de Unaí, a família Mânica é uma das principais produtoras de feijão da região e também exerce influência política no local. Antério foi prefeito por dois mandatos, entre 2004 e 2012, e, mesmo atrás das grades, foi eleito com 72% dos votos no primeiro pleito. Ele pretendia se candidatar a deputado federal este ano e já havia anunciado filiação ao Partido da República (PR), mas um processo movido por políticos da oposição do município pode derrubar seus planos e impedir que ele volte a ter foro privilegiado na Justiça. Ano passado, Antério foi condenado em primeira instância na Justiça Eleitoral a multa de R$ 25 mil por abuso de poder. Além disso, teve sua filiação cancelada por determinação judicial em dezembro de 2013 e, se for condenado em segunda instância, pode ficar inelegível por oito anos por conta da Lei da Ficha Limpa.

Para lembrar as quatro vítimas da chacina e cobrar Justiça, foi estabelecido o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, comemorado todo 28 de janeiro. O Sindsep-DF, a CUT e outras entidades sindicais representativas dos trabalhadores, celebram a data cobrando das autoridades, em especial das instituições judiciais do País, maior agilidade no julgamento dos acusados para que estes não fiquem impunes, além de ações do Executivo Federal para que novas chacinas não voltem a acontecer.

Fonte: Imprensa Sindsep-DF

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