Arte e movimento sindical na visão de Cláudio Falcão
Ele é um dos principais comediantes de Brasília. Criador das personagens Mary, Berenice e Gorete, que saíram dos palcos para uma emissora de rádio, Cláudio Falcão, que este ano comemora 20 anos de carreira, bateu um papo com a equipe do Esplanada Geral. Confira.
EG – Como surgiu o teatro na sua vida?
Cláudio Falcão – Na verdade, o teatro surgiu na minha vida quando eu ainda era uma criança. A minha mãe é professora de artes cênicas, e eu a acompanhava nas aulas e frequentava os bastidores de teatro. Mas a minha estréia profissional foi aos 14 anos.
EG– Qual foi a sua primeira peça?
Cláudio Falcão – Foi um espetáculo infantil. Chamava-se “Alguns medos e outros segredos”, onde eu fazia 12 personagens. Foi no INACEM – Instituto de Artes Cênicas, no ano de 1986, numa oficina comandada por Fernando Vilar. Após seis meses, nos apresentamos no teatro Aluísio Magalhães, do Centro de Convenções, e ficamos dois meses em cartaz.
EG- Você teve dificuldades para vencer a timidez?
Cláudio Falcão – Na vida real sou bem pra dentro, mas no palco é impressionante. Quando eu entro em cena, eu não vejo o rosto de ninguém, vem aquela luz em mim, e me desvencilho de toda a timidez, de toda barreira.
EG- Quais são as suas influências teatrais?
Cláudio Falcão – Eu acho que a maior delas é a minha mãe. Apesar de ser uma figura mais ligada a teoria teatral. Mas, essa coisa de levar à sério o teatro como uma profissão mesmo, herdei da minha mãe.
EG– O que é mais difícil: drama ou comédia?
Cláudio Falcão – Os dois. O segredo é criar uma comunicação com o público. Eu acho que o legal é fazer um trabalho sério.
EG- O teatro é um agente transformador da sociedade? Por quê?
Cláudio Falcão – Sim, ou pelo menos tem tudo para ser. Por exemplo, você está em um dia ruim e vai ao teatro à noite e consegue relaxar, neste momento, o teatro cumpre uma função social. Não importa ai o tipo, comédia, drama, besteirol.
EG- O GDF tem apoiado as produções brasilienses?
Cláudio Falcão – Eu mesmo nunca recebi nada do GDF. Faço no peito e na raça.
EG– Como você avalia o ensino de artes cênicas nas Instituições de Ensino Superior no DF?
Cláudio Falcão – Em Brasília só temos a Dulcina e a UnB. Ambas têm grandes professores, mas na Dulcina a produção é mais intensa.
EG- Como você vê a inserção do teatro no ensino fundamental e médio?
Cláudio Falcão – Eu acho imprescindível. Passei por isso, e sei a importância e a diferença que fez na minha vida. Brasília é uma cidade muito especial em função disso. Tem a Escola Parque, que oferece às crianças atividades complementares, onde elas podem desenvolver teatro, música.
EG – Na sua opinião, o movimento sindical brasileiro tem explorado na sua totalidade o potencial da cultura como agente mobilizador e conscien-tizador?
Cláudio Falcão – Alguns sindicatos têm investido em Cultura sim. Mas ainda são iniciativas raras.
Fonte: EG 176