Trabalhadores dos Correios em greve contra a retirada de direitos e a privatização da estatal

A paralisação é nacional, e foi deflagrada após a empresa retirar 70 direitos da categoria, além da ameaça constante de privatizar a estatal. A greve teve início no primeiro minuto desta terça (18).

Trabalhadores dos Correios em greve contra a retirada de direitos e a privatização da estatal

Trabalhadores dos Correios no DF aprovaram por unanimidade greve, em assembleia realizada nessa segunda-feira (17). A paralisação é nacional, e foi deflagrada após a empresa retirar 70 direitos da categoria, além da ameaça constante de privatizar a estatal. A greve teve início no primeiro minuto desta terça (18).

A presidenta do Sintect-DF, Amanda Corcino, explica que a sentença normativa resultado do julgamento de dissídio coletivo, que garante os direitos e benefícios da categoria na ausência de acordo coletivo, expirou no último dia 31 de julho. Com isso, desde a data-base da categoria, realizada no dia 1º de agosto, os trabalhadores dos Correios estão sem licença-maternidade de 180 dias, 30% do adicional de risco, auxílio creche/babá, 70% sobre férias, entre outros direitos.

“Antes do fim do prazo da sentença normativa, a empresa já estava anunciando que iria manter apenas o que prevê a CLT. Então, desde o dia 2 de agosto temos trabalhadores convocados para trabalhar sem receber hora-extra, por exemplo, trocando repouso remunerado. Eles trabalharam domingo e vão folgar na semana. Antes, a gente tinha um percentual de hora-extra para quem fosse convocado para trabalho no dia de repouso”, diz Amanda Corcino, que também é dirigente da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect).

Segundo ela, além do trabalho aos domingos, a empresa também reduziu o número de liberações sindicais e proibiu as visitas setoriais dos sindicatos. “É uma obrigação dos sindicatos visitar os setores, por isso, não estamos cumprindo esse determinação. Existe um ataque econômico, dos direitos e uma prática antissindical por parte da empresa”, destaca.

Em entrevista ao jornal Estadão, os Correios disseram que as reivindicações da categoria gerariam uma despesa de R$ 961 milhões. Amanda Corcino rebate e afirma que a pauta apresentada pelos trabalhadores é de manutenção de direitos. “A única coisa de diferente que queremos incluir na pauta é uma cláusula sobre pandemia, que garante equipamento de proteção individual e testagem ampla em caso de trabalhadores que derem positivo para Covid-19 nas unidades. O restante já está previsto”, ressalta.

A dirigente sindical ainda conta que a empresa chegou a anunciar para os representantes da categoria, em uma das três reuniões de negociação, que estava tendo prejuízos, mas não deu comprovações. “Foram três rodadas de negociação. Na primeira, a pauta de reivindicação foi apresentada e a empresa fez apresentação financeira incompleta, dizendo que estava tendo prejuízo, mas não apresentou o aumento do percentual de encomendas nesse período de pandemia, nem quanto a saída dos pais do plano de saúde impactou no orçamento, simplesmente falou que estava tendo prejuízo. Na segunda reunião, a empresa apresentou proposta de retirada dos benefícios. Na terceira, apresentamos o resultado das assembleias, rejeitando a retirada de benefícios, e a empresa disse que ali estavam encerradas as negociações”, afirma Amanda Corcino.

Para a sindicalista, a resposta da categoria deve ter o mesmo peso do ataque dos Correios. “Muitas vezes, os trabalhadores abriram mão de reajustes maiores para manter esses benefícios que agora, sem justificativa, em meio a uma pandemia, estão sendo retirados pela empresa. Esperamos que os trabalhadores respondam à altura, se mobilizem e defendam seus direitos. O governo Bolsonaro, na sua política genocida, obriga que os trabalhadores realizem greve”, reforça Amanda Corcino.

Fonte: CUT-DF

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